sábado, 30 de abril de 2011

Como uma partícula de luz ह५ﻶჱﻶह


Como uma partícula de luz(Jorge de Azevedo)
Estou solto no ar
como uma partícula sem luz
vagando no cosmo da existência.
Olho-me através do reflexo
do arco íris à minha frente
e dispo-me dos desejos insanos.
Estou livre de tantas éticas e leis.
Vejo-me natural, despido,
olhando para o meu interior.
Uma luz brilha no mundo
mostrando caminhos de provações.
Estou solto no ar
como uma partícula sem luz.
Aracaju, 21 maio 1991

terça-feira, 26 de abril de 2011

Saudades... ह५ﻶჱﻶह


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Saudades...
Por que sinto falta de você?
Por que está saudade?
Eu não te vejo, mas imagino suas expressões,
sua voz teu cheiro.
Sua amizade me faz sonhar com um carinho,
Um caminhar, a luz da lua, a beira mar.
Saudade este sentimento de vazio que me tira o sono
me fazendo sentir num triste abandono,
é amizade eu sei, será amor talvez...
Só não quero perder sua amizade,
esta amizade...
Que me fortalece me enobrece por ter você.
(Ducarmo de Assis)

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Amor, Paixão e Desejos ﻶჱﻶ

AMOR PAIXÃO E DESEJO
(Marcial Salaverry )
Abraçamo-nos carinhosamente,
entregando-nos a este amor quase demente...
Somente seus doces cheiros sentia...
Na união de nossos corpos elétricos,
descontrolados, sensualmente frenéticos,
mergulhados em completa demência,.
vou tateando seus seios cálidos...
Nossas coxas entrelaçadas,
na vontade de nossos corpos alucinados,
sentindo o gozo aproximado,
dominados por essa louca emoção...
Sem saber do que em volta se passa,
nosso prazer todos os limites ultrapassa...
Teu corpo nu para mim é um colírio....
Tocá-lo é um constante delírio...
Só quero te amar mais uma vez...
Fundir nossos corpos, talvez,
Depois, transbordantes dessa doce sensação,
beijo teu corpo todo com total devoção...
Beijo teu sexo com carinho apaixonado...
Enquanto meus lábios sorvem seu néctar fluido,
tudo em nosso redor adquire outro colorido...
Enquanto gememos de intenso prazer e deleite,
queres que do calor de teu sexo me aproveite...
Entregamo-nos ao nosso amor impaciente,
a essa desejo quase demente...
Com paixão, nossas energias se renovam,
e nossos sexos mais e mais se provam,
nesta nossa paixão alucinada,
que mais vezes será renovada

Como é bom Acordar com vocêﻶჱ

Como é bom acordar com você
(Jorge de Azevedo)
Acordar e ter você nos braços...
Falando do dia chegando,
Compromissos, aborrecimentos,
Lembrando do vinho à noite,
A viagem no final de semana,
Cobrando a promessa não cumprida,
Tudo isso antes de levantar,
Nossas cabeças ainda nos braços.
Acordar e sentir seu cheiro...
Lembrando da hora avançando,
Os clientes esperam solução,
Há casos para resolver no banco,
Ir ao mercado completar a despensa,
Se demorar mais um pouco
Não dá tempo para o café,
Tem a reunião e o novo contrato.
Acordar e receber seu abraço...
Sorri da falta de disposição
Na noite que passamos dormindo,
Lembrar da massagem com óleo
Hidratando o corpo cansado,
Renovar as juras de amor
E prometer para mais tarde
Orgias de amor sem limite.
É tão bom, minha doce menina
Acordar tendo você nos braços,
Acordar sentindo o seu cheiro,
Acordar recebendo seu abraço
E antes de sair para a rotina
De tantos compromissos assumidos
Acordar e num momento sublime
Antes de sair, fazer amor contigo.
Recife, 03 julho 2009

Sobras de uma Noite ﻶჱﻶ

Sobras de uma noite
(Jorge de Azevedo)
Guardei cada sentimento
Como pedaços de lembranças,
Bem quieto e acomodado
Num canto de meu pensamento
Como se fosse pedaços de panos
Numa gaveta mal arrumada.
E deixei lá por muito tempo
Como se fosse fato esquecido,
Acomodado em cada esquina
De meus sentimentos
Como se fosse palitos de fósforos
Queimados e mal guardados.
Um dia, abri a memória
Como se fosse um arquivo
De computador, e estava lá
Tudo quieto e acomodado,
Como se fosse fraldas
Numa gaveta de cômoda branca
Bem cheirosa e arrumada.
Tirei alguns grãos de poeira
Como se fossem pontos de saudades
E deixei de lado as más lembranças
Como se fossem caroços de uvas
Jogados à esmo, no tempo,
Depois de lambidos e chupados.
Encontrei alguns retratos desbotados,
Guardados ali, quietos e acomodados,
Como se fossem selos ou figurinhas
Dos álbuns colecionados na infância,
E em cada foto quase amarela e sem brilho
Somente o brilho de saudades quase mortas.


Deixei tudo revirado procurando as lembranças,
E quase não encontro os motivos de tanta saudade,
Saudade que adormeceu ali, quieta e acomodada
Pelas farpas de tantos sentimentos não sentidos,
Pelas arestas de tantas dores não chamadas
E tantos desejos sonhados e não vindos.
E mais uma noite passei buscando motivos
Para tanta saudade ardendo em meu peito,
Para tanta dor doendo em minha vida,
Para tanto querer sufocando os meus anseios
E tudo que restou ficou guardado num canto
Como se apenas fosse sobras, de uma noite.
Natal, 1 outubro 2005

O amor nasce do amor


Chegue até ela poema e fala como se fosse minha voz‏
O amor nasce do amor
(Jorge de Azevedo)
Surge na alma uma canção sem partitura,
sem harmonia determinando ritmo,
corações pulsam, mãos tremem,
parece ventarola no topo das árvores,
as pernas procuram apoio,
parece brisa sobre pendões de arroz.
Um brado mudo estremece o silencio,
o corpo se atiça num atiçar sem lógica,
declamam poemas poetas sem poesias
e cantam cantigas cantores sem voz,
parece canto de rouxinol acasalando,
parece baile de pipas soltas no ar.
Os pensamentos descontrolados buscam
palavras que se escondem servis,
surge na alma um canto sem harmonia
como se fosse ritmo sem partitura
e o pintor cria na imaginação o quadro
e o amor surge como uma miragem.
Ah, doce encanto do encanto da descoberta,
ah, doce chegada do sentimento voraz,
é tão mágico sentir o amor chegando...
tão sublime saber a paixão invadindo,
parece ondas quebrando rochas no mar,
parece rios entre troncos na floresta.
E encanta o poeta que canta sem versos
tresloucados pensamentos fluindo na alma,
e chega diante da janela quase entreaberta
e grita aos ventos o nome dela flamante
onde está que não chega agora e se deita
nos braços deste que lhe deseja tanto?
Recife, 11 agosto 2010

É assim que te queroﻶჱ

É assim que te quero
Jorge de azevo
Quero te tentar,
mas não somente
te tentar.
Quero te possuir,
mas não somente
te possuir,
quero ser possuido
de forma romantica,
sem esquecer a tara animal,
aquela que deixa marca
na alma, sem marcar
o corpo, mas, deixa no corpo
marcas que o tempo apaga.
Quero te tentar,
mas, não somente tentar,
quero te possuir
não como uma dama
em recato
guardada por pudores,
te quero prostituída
em sanhas e loucuras,
pelas esquinas da casa,
pelas ladeiras da cama.
Não te quero apenas femea,
te quero a fera enjaulada,
faminta de orgasmos,
sedenta de meus gozos,
te quero tentada
a esquecer etiquetas,
sem vestes rasgadas,
te quero tentada
a ser femea antes de ser
puramente mansa.
[Extraída do livro:

"Gestação de poemas
poemas escolhidos"]

(Jorge de Azevedo)

Saudades de Voce!ﻶჱ

Saudades de você
Jorge de Azevedo
Aqui chove, está frio e escuro.
As pessoas passam agasalhadas.
Da janela vejo carros nas poças
e em ruas quase submersas,
crianças brincam com roupas e escola.
Penso em voce.
Como seria bom estar com voce nesta tarde noite,
enquanto a chuva enche de gotas minha janela.
Olho a cama bem forrada,
alguns livros sobre ela, uma camisa.
Devia ser voce deitada ali na minha cama.
Deitada, dormindo agasalhada pelo frio da tarde.
O corpo nu, completamente nu.
Os seios me chamando,
clamando por minhas mãos,
por minha boca.
As coxas preguiçosas sobre o lençol,
quase clamando serem afastadas
por beijos alucinantes.
Está chovendo, está frio,
estou sozinho em casa,
a cama arrumada
e voce tão longe de mim.
Recife, 21 de abril de 2011

Amor, desejo e querer ﻶჱﻶ

Amor, desejo e querer
(Jorge de Azevedo)
Desejo sua boca, seus sussurros
a maneira louca de seus urros,
o toque meigo e querido,
a dança no ventre,
os gemidos,
as pernas enlaçando
meu corpo abraçando,
falando palavras vulgares
trazidas de tantos lugares
que importa,
a porta entreaberta
numa nesga incerta
de olhares fugazes.
Ah, como desejo seu gozo
o corpo servindo de pouso
para esse corpo cansado
atingindo um orgasmo
extasiado,
entre loucas ações em delírios.
Ah, como desejo esse corpo,
essa mente que já nem pensa
e se entrega na espera tensa
de tantas tardes úmidas e frias,
como desejo e não sabia,
ou já sabia e não lembrava
do gosto ardente do beijo
salpicando de brasa o desejo
tomando forma de coito.
Amo, portanto lhe quero,
e se lhe quero como desejo
pois, o desejo é mais que o beijo
guardado em embalagem de bronze
levado por quem ama para longe,
para perto, que importa?
Não nota a ansia chegando
em cada toque não planejado?
Como quero ver esse corpo deitado,
as coxas despidas sobre meu leito,
minhas mãos cheias com seu peito,
e em movimentos desconexos...
ah, como desejo e quero,
ter voce agora,
sexo sobre sexo.
Recife, 23 julho 2009

Adeusﻶჱ



ADEUS


Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus.
(Eugénio de Andrade)

Respiro o teu corpoﻶჱ


Respiro o teu corpo

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
Respiro o teu corpo
Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.
(Eugénio de Andrade)